domingo, 20 de setembro de 2009

Tú, místico - Fernando Pessoa

Tu, Místico

Alberto Caeiro/ Fernando Pessoa

Tu, místico, vês uma significação em todas as cousas.

Para ti tudo tem um sentido velado.

Há uma cousa oculta em cada cousa que vês.

O que vês, vê-lo sempre para veres outra cousa.

Para mim, graças a ter olhos só para ver,

Eu vejo ausência de significação em todas as cousas;

Vejo-o e amo-me, porque ser uma cousa é não significar nada.

Ser uma cousa é não ser susceptível de interpretação.

Fonte: Poesia Completa de Alberto Caeiro (Companhia de Bolso, 2005)

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