Vivemos em tempos onde os valores parecem deturpados, alguns objetos de desejo e consumo parecem ter maior importância que nossas próprias vidas. Objetos tornam-se objetivos, metas. Nossas vidas tornam-se cada vez mais públicas e a sexualidade cada vez mais banal. Ao mesmo tempo, o ser humano sente-se cada vez mais só. Jerusalinsky responsabiliza esse sentimento de solidão coletivo na busca pelo “objeto-objetivo”. As pessoas se preocupam tanto em mudar seus objetivos para a obtenção deste objeto, tido como a solução de nossos problemas (seja ele qualquer coisa como um carro, um apartamento, um celular, um computador e até drogas…), que deixam de lado suas relações sociais e acabam por sentirem-se sozinhas.
É caracteristica também do nosso tempo aceitar nosso destino como algo aletório, seja bom ou ruim. Deste ponto de vista, a pessoa se isenta de qualquer responsabilidade pelas consequências do que com elas acontece, ou seja, “se temos sorte, nos damos bem, caso contrário, não é nossa culpa”. Jogados neste mar de aleatoriedade, as pessoas podem se eximir de qualquer sabedoria relacionada a laços sociais e acabam ficando a deriva de uma solidão inconscientemente consentida.
Todos estes fatores levam os jovens a desvalorizarem as relações, sejam amorosas ou familiares, e o fazem ir em busca deste objeto-objetivo que lhes darão “satisfação garantida”. Em alguns casos, este objeto são drogas. Atraidos por elas, por sentirem-se traídos pelas relações interpessoais, estes jovens colocam-nas no patamar de um objetivo de vida pois sabem que nunca vão se sentir traídos pelas drogas.
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