quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Filosofia da Ciência Realidade, percepção e convicção

Segundo a Filosofia da Ciência, ou Epistemologia,

O que é Realidade?

Temos uma percepção da Realidade?

O que é que você vê na figura abaixo?


Um cubo, certo?

E o que é que você vê nesta figura?

Um cão dálmata farejando o chão?

E nesta figura aqui?

O quê? Não vê nada?

Observe este quadro Le Derby d'Epsom (1821) de Théodore Gericault, mostrando cavalos correndo.

No entanto, com a invenção da fotografia e do cinema, Eadweard Muybridge realizou em 1878 as primeiras seqüências de fotos para o estudo de movimentos de animais. O resultado demonstrou que, quando o cavalo tem as quatro patas levantadas, elas não estão esticadas como nas pinturas de até então.

Ora, o cavalo foi domesticado há milhares de anos e, portanto, há milhares de anos que convivemos com eles. Seria, assim, natural supor que os pintores estivessem muito bem familiarizados com os movimentos do cavalo e que quadros de cenas campestres como esse retratassem bem seu cavalgar.

Então, por que é que os pintores retratavam uma coisa que evidentemente não viam?


Porque vemos o que acreditamos que vemos e não a Realidade! Acredito que é uma questão de convicção, não de percepção!

O que é que vê nesta imagem?

Um cachimbo, certo?

Errado!

Neste famoso quadro intitulado La Trahison des images (1929), Magritte fez questão de inscrever a advertência Ceci n’est pas une pipe (Isto não é um cachimbo), um alerta metafísico ao observador de que a imagem de um objeto não é o objeto, mas apenas sua representação.

Com essa advertência em mente, pergunto novamente: O que é que você vê na figura abaixo?Espero que a resposta agora seja algo como "a imagem de um cubo" ou "a representação de um cubo". Ou, talvez, melhor ainda, "9 segmentos de reta compondo a representação convencional em perspectiva de um cubo". Fomos ensinados essa idéia de perspectiva, condicionados a, cada vez que vemos essa figura, salivar sem pensar: "é um cubo!". Na verdade, poderia até ser "um tesseract visto de frente".

Da mesma forma, pergunte-se novamente o que vê na figura abaixo.

Espero que a resposta agora seja algo como "um conjunto de manchas negras sobre fundo branco onde consigo imaginar um cão dálmata".

Sim, na verdade, não há dálmata nenhum nessa imagem. Como nos ensina a Gestalt, em sua ânsia de ordenar o mundo, nossa mente esforça-se por encontrar padrões até onde não há! Veja também este exemplo extremado de reconhecimento de padrões.

Quando nossa capacidade falha, não vemos que a terceira figura acima representa esta bicicleta desmontada. No entanto, ela está lá, tanto quanto o dálmata ou o cubo.

Você consegue ler este texto?

P03M4 M4T3M4T1C0

4S V3235 3U 4C0RD0 M310 M4T3M4T1C0.
D31X0 T0D4 4 4857R4C40 N47UR4L D3 L4D0 3 M3 P0NH0 4 P3NS4R 3M NUM3R05, C0M0 53 F0553 UM4 P35504 R4C10N4L.
540 5373 D1550, N0V3 D4QU1L0...
QU1N23 PR43 0N23...
7R323NT0S 6R4M45 D3 PR35UN70...
M45 L060 C410 N4 R34L 3 C0M3Ç0 4 F423R V3R505 1NDU-4R481C05.

E este?

De aorcdo com uma pqsieusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as lrteas de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e utmlia lrteas etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol que vcoê pdoe anida ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa lrtea isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo. Enetedu?

O texto, as palavras que você leu definitivamente não estão aí. Foi sua mente que processou a realidade dos caracteres sem sentido e produziu palavras e um texto inteligível.

Assim, nossa mente, o tempo todo, processa as percepções que recebe, produzindo uma Imagem interior da Realidade exterior (se é que ela existe), certamente diferente daquela por ser processada, alterada, mas que, para nós, é a única Realidade de que dispomos, e da qual procuramos extrair sentido, em forma de Leis, Teorias e Princípios.

Concluo com as sábias palavras de Einstein:

“Realidade é meramente uma ilusão, embora uma ilusão muito persistente."


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