quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Opinião: primeiras notas

Boletim deve ser encarado como um indicador para escola, aluno e pais.
Conversa franca é necessária em casos de notas baixas.

O primeiro semestre escolar está terminando. Até pouco tempo, o ano letivo era dividido na maioria das escolas em quatro bimestres. Isto dava uma certa folga para o aluno que, caso não fosse bem nas primeiras notas (estava só esquentando), ainda tinha outras três oportunidades. No entanto os bimestres eram mais apertados – a cada dois meses o aluno tinha que
fazer provas, trabalhos, recuperações e tudo o que envolvia a conquista de notas para ser aprovado para a série posterior.

Atualmente encontramos escolas bimestrais, trimestrais e semestrais. A divisão não importa, o que interessa é que as primeiras notas podem ser um indicador para a escola, aluno e pais de como estão indo as coisas no tocante ao aprender para aquela criança ou adolescente. Mais do que ser um índice para aprovação ou reprovação do aluno, as notas podem indicar se as coisas estão caminhando dentro do esperado. Elas não são absolutas nisso, pois aprender vai além de tirar notas nas provas. Mas ainda assim não deixa de ser um índice importante.

Alguns pais diante de notas baixas, ou até medianas, ficam muito frustrados e acabam tendo uma reação negativa intensa. Todo pai quer que seu filho seja um dos melhores da classe. Só que para o filho é mais produtivo e saudável se o pai se colocar ao lado dele para resolver essa questão. Até porque ninguém gosta de tirar notas baixas - sem considerarmos um ou outro caso a parte- sendo essa situação bastante sofrida para a criança.

E como podemos nos colocar ao lado de nossos filhos diante das notas baixas? O primeiro passo é encarar o problema de frente e sem julgamentos. Fazer de conta que ele não existe ou que vai melhorar espontaneamente também não ajuda em nada. Algumas crianças confiam demais na sorte e não se empenham tanto; outras estão com dificuldade em determinada matéria (o que pode se estender por todo o ano letivo e gerar outros problemas); e há aquelas que podem ter um mau resultado devido a problemas de outra ordem. Enfim, cada caso é um.

Por isso, inicialmente é necessário termos uma conversa franca com os filhos. Acredito que além dos pais poderem conhecê-los melhor - o que os norteará sobre a melhor forma de agir -, os filhos terão grandes chances de se sentirem cuidados (encontramos algumas crianças que, inconscientemente, usam de vários artifícios para terem a atenção dos pais, não necessariamente porque eles não lhes dão, mas por uma necessidade muito grande da criança em ser vista e cuidada).

Além disso, é importante que os pais discutam o assunto com a escola. Lá eles acompanham de perto o desenvolvimento da criança em vários aspectos. Juntos, poderão pensar numa forma de ajudá-la. Às vezes, reorganizar a rotina de estudo com o desenvolvimento de um método de estudo (algumas crianças não sabem estudar) é o suficiente. Em outros casos, é necessária a ajuda de um professor particular, principalmente quando os pais não têm, pelas mais variadas razões, condições de acompanhar de perto o filho na escola. Ou ainda a procura de um profissional especializado (psicólogo, psicopedagogo, fonoaudiólogo).

O mais importante é não fazer que o problema não existe. Ele existe sim e pode tanto gerar quanto ser sintoma de um outro problema. E, muito menos, fazer disso um drama maior do que já é. A união entre aluno, pais e escola ajudará e muito na busca de uma solução.

(Ana Cássia Maturano é psicóloga e psicopedagoga)


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