sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Pai diz que filha não morreu afogada em clube da PM em Salvador

Em meio à comoção pelo enterro de Jéssica da Silva Araújo, 11, no final da manhã desta sexta-feira (6), o pai da estudante, o policial militar Lourival Silva, disse que não acredita que sua filha tenha morrido afogada. "Tem alguma coisa de muito estranho nesta morte. Pela convivência com minha filha durante todo este tempo, tenho certeza que ela não morreu afogada", disse. Em seguida, chorando muito, Lourival Silva afirmou que não tinha mais condições de falar.

Jéssica Araújo foi encontrada boiando na piscina do Clube dos Oficiais da Polícia Militar na tarde desta quinta-feira (5), pouco mais de 24 horas após desaparecer dentro das instalações do órgão. Matriculada no 6º ano do Colégio Militar - um dos mais tradicionais da capital baiana -, Jéssica Araújo foi vista pela última vez vestindo um maiô verde, short de lycra azul e com os cabelos presos dez minutos antes do início de uma prova de natação das olimpíadas internas do clube.

"Não temos uma ideia completa do que aconteceu. Jéssica saiu às 14h do colégio em direção ao clube, respondeu à chamada, fez o aquecimento, mas não participou da prova. Os professores deduziram, então, que ela teria retornado ao colégio. Depois que constatamos o seu desaparecimento, fizemos uma varredura na piscina e não encontramos nenhum corpo", disse o coronel Francisco Leite, um dos diretores do estabelecimento.

De acordo com o coronel, três oficiais vasculharam a piscina por volta das 16h30 de quarta-feira (4). "Um dos oficiais me disse, por telefone, que estava vendo o fundo da piscina e não havia nenhum corpo."

Amiga da família da estudante, Cristiane Mendes da Silva afirmou durante o enterro, no cemitério da Ordem Terceira de São Francisco, que colegas de escola procuraram Jéssica nos banheiros, piscina e em toda a área do Clube dos Oficiais da PM depois que souberam do seu desaparecimento. "Ela (Jéssica) não estava em nenhum lugar. Tem muita história nesta morte, é muito esquisito o que aconteceu."

Nesta sexta-feira (6), em entrevista, o coronel Francisco Leite disse que as câmeras de segurança instaladas no colégio "não estavam funcionando" e que "muitas pessoas" têm acesso ao clube. "Lá (no clube) entram oficiais, estudantes, familiares, enfim, muita gente tem acesso às suas dependências."

Leite disse, ainda, que a corporação abriu um IPM (Inquérito Policial Militar) para apurar as responsabilidades pela morte da estudante. Três oficiais responsáveis pela competição foram afastados preventivamente de suas atividades administrativas e pedagógicas durante as investigações.

O laudo que vai apontar as causas da morte da estudante será divulgado dentro de dez dias. "O corpo da garota não apresentava marcas externas de violência. Ao que tudo indica, ela morreu afogada, mas vamos aguardar o resultado da perícia", disse a delegada Celina Fernandes Santos, responsável pela investigação. No momento da competição, 30 alunos estavam na área da piscina.

A delegada afirmou, ainda, que não encontrou vestígios de que Jéssica tivesse ficado presa na piscina. "Ela estava com a sua 'xuxa' no cabelo e sem marcas indicando que a cabeça tivesse ficado presa em algum local da piscina."

Segundo a delegada, os dois estudantes que viram o corpo de Jéssica boiando deveriam ser ouvidos ainda nesta tarde. Segundo o Clube dos Oficiais da PM, a piscina onde a estudante foi encontrada morta tem entre 1,40 e 3,30 metros de profundidade.

Durante o enterro, Jéssica Araújo foi homenageada por seus colegas, professores e policiais militares - o colégio suspendeu as aulas. A mãe da menina, Márcia Cristina da Silva, desmaiou e teve de receber atendimento médico.

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